• Livros
    • The Writing and Publishing Journey
    • Rural Odyssey IV Parallels - Abilene - Cowboys - "Cordel"
    • Two by Mark J Curran
    • Adventure Travel in Guatemala - The Maya Heritage
    • The Master of the ‘Literatura de Cordel’ - Leandro Gomes de Barros
    • Letters from Brazil IV
    • The Collection
    • A Rural Odyssey - Living Can Be Dangerous
    • A Rural Odyssey II - Abilene
    • Rural Odyssey III - Dreams Fulfilled and Back to Abilene
    • Around Brazil on the "International Adventurer"
    • Pre-Columbian Mexico: Plans, Pitfalls, and Perils
    • Portugal and Spain on the International Adventurer
    • Letters from Brazil: A Cultural-Historical Narrative Made Fiction
    • Letters from Brazil II
    • Letters from Brazil III
    • A Professor takes to the Sea
    • A Professor Takes to the Sea, Volume II
    • Aconteceu no Brasil
    • Diario de um Pesquisador Norte-Americano no Brasil III
    • Relembrando – A Velha Literatura de Cordel e a Voz dos Poetas
    • Travel and Teaching in Portugal and Spain – A Photographic Journey
    • Fifty Years of Research on Brazil
    • A Portrait of Brazil in the Twentieth Century
    • Travel, Research and Teaching in Guatemala and Mexico. Volume I, Guatemala
    • Travel, Research and Teaching in Guatemala and Mexico. Volume II, Mexico
    • A Trip to Colombia
    • Coming of Age with the Jesuits
    • The Farm
    • Retrato do Brasil em Cordel
    • Peripécias de um Pesquisador ‘Gringo’ no Brasil nos Anos 1960 Ou À Cata do Cordel
    • Jorge Amado e a Literatura de Cordel
    • A Literatura de Cordel
    • La Literatura De Cordel Brasileña: Antología Bilingüe en Espanol y Portugues
    • A Presença De Rodolfo Coelho Cavalcante na Moderna Literatura de Cordel
    • Cuíca De Santo Amaro Poeta-Repórter Da Bahia
    • Cuíca De Santo Amaro Controvérsia no Cordel
    • História Do Brasil Em Cordel
    • A Poesia Folclórica - Popular Do Brasil – A Literatura De Cordel
  • Cordel
    • O que e' o cordel?
    • O Papel Publico do Cordel
    • Cordel para todos?
    • Antes e Agora
  • Sobre
  • Contato
  • Ponto de Partida

Curran's Cordel Connection

Apresentado o Cordel

A literatura de cordel brasileira é poesia folclórica-popular (isso é, oriunda tanto da tradição oral quanto da escrita) que teve éxito no nordeste do Brasil na maior parte do século XX.  Depois de um hiato de uns anos quando sua produção caiu de maneira significante devido às mudanças económicas e sociais no Brasil, o cordel está gozando um "renacimento" devido principalmente à computadora e impressora ao lado que permitem os poetas de hoje em dia de se livrarem do custo alto da tipografia ou gráfica comercial.  Há, também, uma presença significativa de poesia de "estilo" do cordel na internet.

AAdos_Santos_1978_-_small

A literatura de cordel foi escrita originalmente por poetas humildes do interior e costa do Nordeste com pouca educação formal mas com o "dom" do verso. Os pioneiros do cordel eram dos estados de Paraíba e Pernambuco, e outros estados do Nordeste, e muitos compartilhavam a tradição oral do cantador ou improvisador de versos do duelo poético oral, ou seja, a peleja, a cantoria ou o repente.  Os poetas do cordel criavam suas estórias em verso, geralmente em versos de oito sílabas em seis ou sete linhas de verso com rima xaxaxa ou ababccd e as levaram às gráficas ou tipografrias locais.  Éstas imprimiam as estórias em verso em livrinhos de 8, 16, ou até 32 páginas, as capas ilustradas com os próprios tipos decorativos, isso até os anos 1920, e depois com foto-clichês de figuras de postais românticos da Europa ou estrelas do cinema de Hollywood.  Logo, especialmente no fim dos anos 50 e começo dos 60, a capa de preferência foi aquela ilustrada com a xilogravura popular de gravadores locais do nordeste. Os poetas recebiam uma parte dos livros impressos e vendiam os livros chamados de folhetos, folhetes, livros de feira, abcs ou arrecifes nos dias de feira nas pequenas vilas no interior e nos mercados de cidades, ou "cantando" ou declamando as estórias na praça do mercado ou vendendo-as em barracas no pátio do mercado, e depois nos pontos de transporte do povão.   O poeta armava seu estoque em uma folha de plástico no chão, ou com os folhetos arrumados na própria mala e logo vendia-os a um público ávido.

O centro do cordel, depois de uma importante fase em João Pessoa no começo do século XX, nos anos 1920 virou a cidade do Recife com a grande editora de João Martins de Atayde que distribuía folhetos em todo o Norte e Nordeste do Brasil.  Agentes dele e poetas outros que compravam seus livrinhos de feira viajavam o interior todinho espalhando os livros e vendendo-os a um público sempre em estado de crescimento. Com a morte de Atayde e a venda de todo seu estoque a José  Bernardo da Silva, o "centro" da literatura popular em verso mudou-se a cidade esta, Juazeiro do Norte, por coincidência a cidade de Padre Cícero.  Havia vários outros poetas e gráficas espalhados pelo Nordeste na época.  Depois, devido às secas contínuas e a pobreza no Nordeste, havia uma grande migração de gente para fora, principalmente ao sul e as grandes cidades do Rio de Janeiro e São Paulo.  Os poetas acompanhavam os retirantes, e faziam parte deles, e se estabeleciam nestas cidades.  Havia também certo movmento a Belém do Pará e até Manaus, com a promessa de emprego nos seringais, e uma editora excelente prosperava-se em Belém do Pará nos anos 1930 e 1940.  E com a construição de Brasília entre 1955 e 1960 pelos "candongos", muitos deles fugindo a pobreza do Nordeste, havia certa presença também do cordel na nova capital. Assim foi que a literatura popular em verso, o cordel, começava a ficar conhecida em uma parte grande do Brasil e representava o melhor da tradição folclórica-popular do País.

Hoje, no começo do século XXI, os autores de cordel podem ser mais urbanos, morando em cidades grandes no Nordeste, ou talvez no Rio ou em São Paulo. Podem ser de classe média e talvez tenham títulos universitários. Os temas de seus folhetos são mais urbanos, a linguagem mais contemporânea, mas em muitos casos os poetas ainda respeitam e obedecem as velhas tradições em quanto ao tema, título e linguagem.  E, muitos poetas hoje em dia escrevem versos que distribuem através a internet, embora a maior parte destes poemas não chegue a ser impressa.

Há três tipos de poemas cordelianos principais:

O duelo oral improvisado que na sua forma escrita se chama "peleja".

Temas populares "tradicionaias," maiormente ficcionais, que tratam contos de fadas, amor, grandes heróis, aventura ou temas religiosos.  A maior parte de temas "tradicionais" fica neste grupo.

Poemas de cordel não ficcionais, que reportam toda sorte de acontecidos, do local ao regional ao nacional e internacional.

Devido ao último, n. 3, o cordel chegou a ser conhecido como o "jornal em verso" dos pobres do Nordeste e seus poetas, "a voz do povo".  O poema de acontecido de 8 páginas chegou a ser o meio mais importante de comunicação entre a mídia nacional e sua "recodificação" no jornal do povo em verso, e as vezes, o oposto.

O Cordel: Seu Valor para "Outros" Brasileiros

Para os poetas e seus leitores, o cordel é diversão, notícias e um guia moral.  O resto dos Brasileiros e extrangeiros interessados talvez compartilhem tais propósitos com o público humilde do cordel velho, mas, para aqueles, provalvelmente, o cordel tem outros valores. Para o Brasil em geral representa o documento escrito melhor das tradições  da classe humilde (mas compartilhadas muitas vezes por todas as classes sociais) do Nordeste.  É uma parted a herença cultural nacional.

Amado_aprova_Curran-small

Artistas sofisticados  da elite do Brasil têm tomado emprestado, recriado e as vezes plagiado os poetas populares do cordel em obras que aqueles querem identificar como "verdadeiramente brasileiras".  Já com os princípios do Modernismo vindo dos 1920 no Rio de Janeiro e São Paulo,escritores e artistas da elite queriam crier  uma arte esencialmente brasileira, isso em oposição a uma arte orientada por Europa.  Daí, muitos deles empregavam a literatura de cordel tanto como outros elementos de cultura folclórica em suas obras.

Mário de Andrade admirou a poesia de cordel e o folclore e os usou em "Macunaíma" e "O Romanceiro de Lampião".  Jorge de Lima utilizou temas folclóricos nordestinos nos seus versos.  Os escritores inspirados pelo Movimento Regionalista do Nordeste chefiado por Gilberto Freyre em 1926 usaram tanto a poesia quando o personagem do poeta de cordel nas suas obras.  José Américo de Almeida em "A Bagaceira", José Lins do Rego em "Cangaceiros" e "Fogo Morto", Raquel de Queiróz em muitas de suas obras de ficção, e Graciliano Ramos usou a essência  da vida difícil do vaqueiro a criar "Vidas Secas".  Mas, dessa geração foi Jorge Amado que bebeu mais na fonte do cordel, empregando a poesia, os personagens e os valores do cordel em vários de seus romances:  "Jubiabá", "Pastores da Noite", Tenda dos Milagres" e especialmente "Tereza Batista Cansada de Guerra".

Em tempos mais recentes João Guimarãs Rosa utilizou o sub-stratum compartilhado tanto pelo cordel nordestino e a velha cultura folclórica de Minas Gerais e o Sul da Bahia para criar sua obra prima, "Grande Sertão: Veredas". Ariano Suassuna baseou uma  vida de trabalho na poesia e no o folclore nordestinos, especialmente na sua obra já famosa no Brasil, "O Auto da Compadecida" e o menos conhecido "Romance da Pedra do Reino". E, finalmente, João Cabral de Melo ficava profundamente inspirado pela poesia e valores do cordel e o cantador na sua maravilhosa "Morte e Vida Severina".

Há muitas recriações cinemáticas e televisadas dos cangaceiros do Nordeste e do "fanatismo religioso" nos relatos sobre Antônio Conselheiro, Padre Cícero ou ainda Frei Damião.  Glauber Rocha de fama no "Cinema Novo" estava especialmente aberto da tradição e a usou em vários de seus filmes, includindo "Deus e o Diabo na Terra do Sol" e "Antônio das Mortes". A cantora de música popular brasileira, Elba Ramalho, empregou verso dos cantadores na memorável "Nordestinadas".  Luís Gonzaga, O Rei do Baião, embora não diretamente ligado ao cordel, compartilhou muitos de seus temas.  O mito do nordestino que foge da seca, mas deseja sempre voltar com a chegada das chuvas prometidas virou o hino Nordestino na sua "Asa Branca".  E em uma maneira diferente mas engenhosa, Chico Buarque de Holanda recontou o mito em "Pedro Pedreiro".

Samico e Brennand também tomaram emprestados temas e sabores da tradição popular nos seus quadros pintados e xilogravuras.  Os famosos bonecos de barro e Caruaru e outras ferias tradicionais nordestinas compartilham os mesmos temas de cordel na sua depicção de vida na região, baseando-se muito em Padre Cícero, Lampião e o vaqueiro nordestino.

Estes, pois, são "os velhos".  Uma geração totalmente nova de artistas continua a amar e usar temas nordestinos, empréstamos do cordel, recriando tudo hoje em dia.

O Papel do Cordel Para Seu Público Brasileiro

O livrinho de cordel, antes de mais nada, é diversão para seu público, isso no seu papel de documento escrito da tradição folclórica-popular em uma parte significante do Brasil, uma tradição vindo da literatura popular de Portugal, Espanha, França e Itália.  Nestas estórias em verso o leitor brasileiro descobre a cavalaria medieval nas estórias de Carlos Magno e seus Doze Pares, velhos contos de fada includindo Branca de Neve, as lendas orientais de Aladím e Ali Baba, e as estórias tradicionais Católicas de Jesus, Maria, os apóstolos e santos nas suas lutas em contra os males de Satanás.  Também há uma pletora de estórias de amor e aventura, de príncipes e princesas, de monstros e dragões a serem matados. E, há humor, o "quengo" ou "amarelo" brasileiro, a versão nordestina do "pícaro" que sobrevive pela esperteza.  Em quase todos estes poemas há a presença de uma corrente forte moral: o Bem vence o Mal em todas as suas formas.

Violeiros_FSC_Rio_1967-small

A literatura de cordel diverte também com a versão escrita do duelo oral, improvisado, conhecido em portugües como peleja, desafio, cantoria ou repente. Dois poetas se enfrentam, e a esperteza, a inteligência e uma lingua rápida e talvez ferina determinan o vencedor.

Os folhetos de eventos do dia, ou seja, os acontecidos, são uma crônica de eventos religiosos, sociais, econômicos e politicos, e de seus protagonistas durante todo o século XX e os começos do século XXI.  Fanáticos religiosos e guerras no sertão, bandidos da índole de Robin Hood que andavam no Nordeste durante quase quarenta anos, e os altos e baixos da vida econômica e política – estes são o "ganha-pão" do cordel.  O cordel reporta sobre a Primeira República infante, os levantamentos dos anos 1920, e a odisséia de revolta, revolução, o Estado Corporativo e finalmente, a democracia dos trabalhadores, sob o commando do politico mais famoso do Brasil, Getúlio Vargas. O que vem depois é a busca dinâmica e caótica para a democracia nos próximos dez anos com o Presidente Juscelino Kubitschek e a fundação e construção de Brasília, as ecentricidades de Jânio Quadros e seus esforçoas de "varrer" a corrupção do passado fora do Brasil durante seus seis meses breves como Presidente, e o reformador-esquerdista Jango Goulart nos seus quatro anos turbulentos.  O Cordel aí conta do resto do século nos anos escuros  da ditadura militar de 1964 a 1985 e a volta ao "normal" e a busca do Brasil até hoje de um lugar no sol (outro daquele das praias de Ipanema, Copacabana ou Itapuã). Mais recentemente, o cordel fez crônica dos escándalos do "dinheiro na cueca", "O mensalão" de politicos corruptos, e o regime altamente popular de Lula, o migrante pobre do Nordeste em São Paulo, agora lider de sindicato e presidente populista do Brasil.

Os repórteres do cordel olhavam fora do Brasil também e faziam sua crônica da Primeria Guerra Mundial, a Segunda Guerra Mundial, e os conflitos principais internacionais desde então, dando ênfase ao papel dos Estados Unidos e seus líderes.  Mais recentemente, os poetas documentam  o terrorismo internacional no ataque dos "Twin Towers" em Nova Iorque, e as guerras de Bush pai e filho em Iraque e Afganistã.  Os poetas mandam Sadam Hussein, Osama Bin Laden, o Primeiro Ministro da Inglaterra e especialmente George W. Bush  ao inferno por suas ações.

Finalmente, o cordel diretamente ou indiretamente, sempre ensina.  Oferece os ensinamentos tradicionais da "velha" Igreja Católica em estórias sobre a religião tradicional e a moralidade. Mas o sincretismo religioso Brasileiro e sua flexibilidade de caráter admitem também comentários sobre o Espiritismo Kardecista, a Religião Afro-Brasileira e o Espiritismo Indígena.  Em "exemplos" morais, o cordel ensina o leitor como viver, mas, maiormente com estórias chistosas ou irônicas como "A Moça que Bateu na Mãe na Sexta-Feira da Paixão e Virou Cachorra".

Pode-se dizer, em resumo, que o cordel retratou a vida do Brasil no século XX e o começo do século XXI.

O Estatus do Cordel Antes e Agora

A literatura de cordel celebrou cem anos de existência ao chegar ao ano 2000, e, o grande momento foi celebrado no SESQE-POMPEIA  em São Paulo em 2001 quando centenas de milhares de pessoas assistiram a celebração durante os vários meses da exposição.  Os folhetos e romances mais antigos do cordel se imprimiam, em geral, na primeira década do Século XX, mas o primeiro evento importante nacional registrado no cordel foi a Guerra de Canudos de 1896-1897, a tragédia nacional quando o exército Brasileiro decimou a ralé de sertanejos pobres e seu líder Antônio Conselheiro no sertão da Bahia.  Os grandes poetas pioneiros do cordel, Leando Gomes de  Barros, Silvino Pirauá Lima, Francisco das Chagas Batista, João Melchíades Ferreira da Silva e outros escreviam nas primeiras duas décadas do Século XX.  Então João Martins de Atayde criou uma segunda "Idade de Ouro" da produção cordeliana com uma equipe de escritores no Recife, Pernambuco, isso do fim dos anos 1920 até o fim da década dos 50.  Aí, o estoque de Atayde mais aquele de Leandro Gomes de Barros, comprado por Atayde da viúva do poeta em 1921, se trasladaram a Juazeiro do Norte, Ceará, agora no fim dos 1950 quando José Bernardo da Silva continuou a tradição na Typografia São Francisco.  Assi foi que a cidade de Padre Cícero Romão teve seu "momento no sol" no cordel.

RCC_com_JMde_A_C._LG_de_B-small

Aí outra geração continuava forte no Nordeste através os anos 1960, poetas como José João da Silva, Manoel Camilo dos Santos, José Camelo, Cuíca de Santo Amaro e Rodolfo Coelho Cavalcante, Minelvino Francisco Silva, Manuel D’Almeida Filho e muitos outros.  Depois o cordel começou a se disminuir seriamente devido à disponibilidade do rádio transistor, depois a televisão, e a televisão de cores, ao custo alto de imprimir os folhetos do cordel, e a falta de poder adquisitivo do público tradicional.  As feiras locais se disminuíam, e algumas desapareciam, mas, o principal foi que o Brasil estava se modernizando e o cordel deixava de servir como a diversão e o meio de comunicação principal de seu público tradicional humilde do Nordeste.

Um pequeno resurgimento do cordel tomou lugar nos anos 1970 e 1980 em parte devido ao interesse intelectual quando as universidades foram encorajidas a colocar o cordel no seu currículo.  Professores de colégio e até escolas primárias foram incentivados a lecionar sobre o cordel para que jovens brasileiros soubessem dessa parte importante da herança cultural nacional. Outro estímulo para o cordel foi a venda de xilogravuras ao lado dos folhetos e romances de cordel nas barracas dos mercados com o resultado que até os turistas extrangeiros com poucos conhecimentos da lingua portuguesa pudessem comprar e levar à casa a arte folclórica nordestina na forma de gravuras e folhetos de cordel.

A saga da luta para a volta à democracia depois de 21 anos de ditadura, a "Campanha de Eleições Diretas" e a odisséia pessoal do Presidente-Eleito Tancredo Neves deram ao cordel um ímpetu significante de 1983 a 1985.  A volta à Democracia e os debates dos "presidenciáveis" mantinham o interessse para o público e a publicação de folhetos impressos através a eleição de Collor de Melo e seu "impeachment" dramático no começó dos anos 1990 só acrescentaram tal interesse.

O cordel continúa hoje em dia com as mudanças já notadas: os poetas veteranos e artistas de xilogravura como J. Borges, José Costa Leite e Abraão Batista continúam no Nordeste e Azulão e Gonçalo Ferreira da Costa no Rio.  Mas, uma nova geração de poetas escreve hoje em dia, entre eles, poetas de segunda geração, como Marcelo Soares, poeta de cordel e artista de muito sucesso na xilogravura, filho do famoso "repórter" de cordel José Soares de Pernambuco.  Estes poetas, muitos  da classe média, vários com títulos universitários e morando nas grandes cidades do Brasil, continúam os velhos temas e formato, escrevendo seus folhetos no computador e imprimindo-os na impressora ao lado. E um fenômeno inteiramente novo – o cordel na internet – é importante hoje em dia no Brasil devido a uma mídia eletrônica altamente desenvolvida.  Gustavo Dourado é um dos mais importantes dos "internautas de cordel," empregando temas e formato do velho cordel em seus muitos títulos mas sem a impressão em papel do mesmo.

Mas, como dizíamos em publicações prévias, seja como for o papel principal da literatura de cordel hoje em dia, estamos muito gratos que esteja preservado nos arquivos nacionais como uma parte importante da herança folclórica-popular nacional.  A Fundação Rui Barbosa no Rio de Janeiro, O Instituto de Estudos Brasileiros em São Paulo, os acervos de cordel nas universidades de Paraíba, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Bahia e outras, mais as grandes coleções particulares trazem acesso ao cordel hoje em dia.  Um esforço recente e muito ambicioso pela Editora Hedra em São Paulo tem planos para a publicação de cinquenta monografias sobre os mais destacados dos poetas de cordel, cada volume com introdução de um estudioso e uma pequena antologia dos versos de cada autor.  Que chegue a completar-se!

A literatura de cordel presente nos milhares de folhetos e romances nos arquivos é verdadeiramente uma enciclopédia em verso de um rico passado folclórico-literário nordestino, de mores sociais Brasileiros, e dos eventos pequenos e grandes do Século XX.  Através dos poemas, pode-se ver o "universo vasto" do cordel.  Se o interessado for persistente e um pouco trabalhador, poderá ver ainda pedaços daquele universo no Brasil de hoje em dia.

Submit to DeliciousSubmit to DiggSubmit to FacebookSubmit to Google BookmarksSubmit to StumbleuponSubmit to TechnoratiSubmit to TwitterSubmit to LinkedIn
  • Português
  • English (UK)
© 2013 Dr. Mark J. Curran