Este livro sobre o poeta e editor talvez mais visível do cordel moderno, Rodolfo Coelho Cavalcante, alagoano mas residente há anos de Salvador da Bahia, é simultâneamente biografia, antologia e análise da produção e carreira de quase 50 anos de cordel do autor. Mas, é ainda mais porque através do papel de RCC como propagandista dos poetas e da poesia do cordel desde 1955, o leitor, em efeito, vê a evolução do mesmo durante a metade de sua existência no Brasil.
Rodolfo Coelho Cavalcante foi admirado e criticado, amado e odiado, mas ninguém pode negar sua produção assombrante do cordel: autor auto-proclamado de 1.700 folhetos (títulos diferentes) de cordel. Rodolfo, também como o auto-declarado líder da "classe poética", defendia os poetas mesmos e criou uma visibilidade até então nunca vista para os poetas e cordel através os congressos financiados por "um nada" em Salvador da Bahia em 1955 e em São Paulo em 1960. Continuou sua "missão" de popularizar o cordel no seu papel de jornalista de tabloide, ou seja, pequeno jornal de quarto páginas. Durante 30 anos divulgou e defendeu o cordel aos Brasileiros que só começavam a reconhecer e apreciar seu valor.
Rodolfo era colorido, dinâmico e sempre olhando para o futuro; sua vida e suas obras estão resumidos neste livro. Os primeiros capítulos contam de uma juventudade tratando com e fugindo de um pai alcólatra e abuso em casa, suas aventuras e andanças com pequenos circus no sertão do Nordeste onde chegou a criar melodramas para os circos, seu rápido empreendimento de pregar a mensagem Protestante, sua conversão ao espiritismo Kardecista o qual o guiaria o resto da vida, e sua carreira principiante de poeta de cordel. Part I do livro também trata o "fogo" da missão primeira de limpar do cordel aquela minoria de livrinhos "imorais" e organizar congressos e fundar organizações nacionais para divulger e popularizar a literatura de cordel. Ainda outro capítulo (o livro é largo) trata os vários jornais estilo "tabloide" que variam em contéudo, desde a auto-promoção à mensagem espírita, a divulgação da poesia e poetas de cordel.
Parte II do livro trata a produção imensa de poemas de cordel. O leitor descobre a visão poética de Rodolfo, sua crença que a poesia é um dom pessoal. Logo, uma antologia de seus poemas (realmente "seletas" dos mesmos) revela seus temas principais: a religião, o exemplo moral, o ABC ou homenagem (muitas vezes paga) a personagens famosas da comunidade e da nação, mas principalmente a crônica política de 50 anos de vida brasileira. Rodolfo documentou o Brasil de 1942 até 1986 – as ameaças Integralista e Nazista da Segunda Guerra Mundial, a ameaça Comunista e a Guerra Fria, e a crônica política nacional de 1945 até sua morte em 1986. Documentou os altos e baixos do regime de Getúlio Vargas, o caos democrático dos regimes de Kubitschek, Quadros e Goulart, a ditadura militar de 1964 a 1985, e a volta à democracia via Tancredo Neves. Demócrata ferevente e sempre anti-comunista, sua voz é o epítome da visão conservadora do Brasil moderno, conservador na visão moral, nos mores sociais tanto na política.
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