A literatura de cordel brasileira é poesia folclórica-popular (isso é, oriunda tanto da tradição oral quanto da escrita) que teve éxito no nordeste do Brasil na maior parte do século XX. Depois de um hiato de uns anos quando sua produção caiu de maneira significante devido às mudanças económicas e sociais no Brasil, o cordel está gozando um "renacimento" devido principalmente à computadora e impressora ao lado que permitem os poetas de hoje em dia de se livrarem do custo alto da tipografia ou gráfica comercial. Há, também, uma presença significativa de poesia de "estilo" do cordel na internet.
A literatura de cordel foi escrita originalmente por poetas humildes do interior e costa do Nordeste com pouca educação formal mas com o "dom" do verso. Os pioneiros do cordel eram dos estados de Paraíba e Pernambuco, e outros estados do Nordeste, e muitos compartilhavam a tradição oral do cantador ou improvisador de versos do duelo poético oral, ou seja, a peleja, a cantoria ou o repente. Os poetas do cordel criavam suas estórias em verso, geralmente em versos de oito sílabas em seis ou sete linhas de verso com rima xaxaxa ou ababccd e as levaram às gráficas ou tipografrias locais. Éstas imprimiam as estórias em verso em livrinhos de 8, 16, ou até 32 páginas, as capas ilustradas com os próprios tipos decorativos, isso até os anos 1920, e depois com foto-clichês de figuras de postais românticos da Europa ou estrelas do cinema de Hollywood. Logo, especialmente no fim dos anos 50 e começo dos 60, a capa de preferência foi aquela ilustrada com a xilogravura popular de gravadores locais do nordeste. Os poetas recebiam uma parte dos livros impressos e vendiam os livros chamados de folhetos, folhetes, livros de feira, abcs ou arrecifes nos dias de feira nas pequenas vilas no interior e nos mercados de cidades, ou "cantando" ou declamando as estórias na praça do mercado ou vendendo-as em barracas no pátio do mercado, e depois nos pontos de transporte do povão. O poeta armava seu estoque em uma folha de plástico no chão, ou com os folhetos arrumados na própria mala e logo vendia-os a um público ávido.
O centro do cordel, depois de uma importante fase em João Pessoa no começo do século XX, nos anos 1920 virou a cidade do Recife com a grande editora de João Martins de Atayde que distribuía folhetos em todo o Norte e Nordeste do Brasil. Agentes dele e poetas outros que compravam seus livrinhos de feira viajavam o interior todinho espalhando os livros e vendendo-os a um público sempre em estado de crescimento. Com a morte de Atayde e a venda de todo seu estoque a José Bernardo da Silva, o "centro" da literatura popular em verso mudou-se a cidade esta, Juazeiro do Norte, por coincidência a cidade de Padre Cícero. Havia vários outros poetas e gráficas espalhados pelo Nordeste na época. Depois, devido às secas contínuas e a pobreza no Nordeste, havia uma grande migração de gente para fora, principalmente ao sul e as grandes cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. Os poetas acompanhavam os retirantes, e faziam parte deles, e se estabeleciam nestas cidades. Havia também certo movmento a Belém do Pará e até Manaus, com a promessa de emprego nos seringais, e uma editora excelente prosperava-se em Belém do Pará nos anos 1930 e 1940. E com a construição de Brasília entre 1955 e 1960 pelos "candongos", muitos deles fugindo a pobreza do Nordeste, havia certa presença também do cordel na nova capital. Assim foi que a literatura popular em verso, o cordel, começava a ficar conhecida em uma parte grande do Brasil e representava o melhor da tradição folclórica-popular do País.
Hoje, no começo do século XXI, os autores de cordel podem ser mais urbanos, morando em cidades grandes no Nordeste, ou talvez no Rio ou em São Paulo. Podem ser de classe média e talvez tenham títulos universitários. Os temas de seus folhetos são mais urbanos, a linguagem mais contemporânea, mas em muitos casos os poetas ainda respeitam e obedecem as velhas tradições em quanto ao tema, título e linguagem. E, muitos poetas hoje em dia escrevem versos que distribuem através a internet, embora a maior parte destes poemas não chegue a ser impressa.
Há três tipos de poemas cordelianos principais:
O duelo oral improvisado que na sua forma escrita se chama "peleja".
Temas populares "tradicionaias," maiormente ficcionais, que tratam contos de fadas, amor, grandes heróis, aventura ou temas religiosos. A maior parte de temas "tradicionais" fica neste grupo.
Poemas de cordel não ficcionais, que reportam toda sorte de acontecidos, do local ao regional ao nacional e internacional.
Devido ao último, n. 3, o cordel chegou a ser conhecido como o "jornal em verso" dos pobres do Nordeste e seus poetas, "a voz do povo". O poema de acontecido de 8 páginas chegou a ser o meio mais importante de comunicação entre a mídia nacional e sua "recodificação" no jornal do povo em verso, e as vezes, o oposto.