Salvador da Bahia: Fundação Casa de Jorge Amado, 1990, 197 pp. Prefácio por Jorge Amado.
Parte I trata "Cuíca o homem, o poeta, o repórter popular" e se baséia em entrevistas, artigos de jornais e revistas e as próprias declarações do poeta vistas nos seus poemas de literatura de cordel. Parte II é uma antologia de seleções do cordel documental de Cuíca sobre a Bahia e a nação. Cuíca é o lado oposto da moeda de seu conterrâneo, competidor e contemporário, Rodolfo Coelho Cavalcante. Cuíca é o "Boca de Inferno" popular do cordel bahiano de 1940 a 1964. É uma espécie de Gregório de Matos popular, semi-letrado, homem das massas. Escreveu sátiras virulentas sobre o escândalo local, as quais trazendo-lhe só encrencas, e, somente pelo apoio de amigos com "pistolão" político e até do Presidente Getúlio Vargas se livrou das mesmas, e mesmo assim, não sempre.
Cuíca se considerou antes de mais nada um poeta-repórter que informa dos eventos locais e nacionais, mas, também era propagandista, o homem das tabuletas que gritava em frente das lojas, propagandizando seus produtos em versos, uma espécie de pregoeiro públio revelando o vai e vem da cidade. Mas, Cuíca também empregou o termo "propaganista" de outro jeito: escreveu, imprimiu e vendeu oemas cordelianos "pagos" a iluminar o escândalo local e reportar "certos fatos" que os diários da cidade ignoravam. Aceitou "presentes" ou o suborno e até praticou uma "extorsão" poética nestes folhetos de cordel. Daí, resultado, acabou às vezes no xadrês, e realmente às vezes estava em perigo mortal talvez a sofrer as consequências de personagens iradas devido a seus poemas. Mas, o público da Bahia, o pessoal de rua, dos mercados, cidades alta e baixa, adoraram a "próxima bomba" de cada semana. O cordel de Cuíca fez que a vida diária na Bahia fosse muito mais interessante tanto para o povão quanto para o pessoal das classes média e alta que compravam suas estórias em verso no cais em frente do Mercado Modelo, na praça em frente do Mercado ou até ao pé do Elevador Lacerda ou na garé da calçada da estação dos trens ou da Navegação Bahiana.
Em fim, Cuíca também ficou conhecido por documentar a política local, regional e até nacional da Segunda Guerra Mundial até 1964 (ano de sua morte). Condenou o Mussolini, o Hítler e Stalín a um inferno cordeliano, e louvou até o céu o Presidente Getúlio Vargas e sua legislação pró-trabalhista. Tinha os nérvios e o verve para reportar qualquer evento de importância local, regional ou nacional nos seus livretos humildes de cordel que sempre se disputavam nas ruas de Salvador, isso durante um quarto de século.
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