A literatura de cordel celebrou cem anos de existência ao chegar ao ano 2000, e, o grande momento foi celebrado no SESQE-POMPEIA em São Paulo em 2001 quando centenas de milhares de pessoas assistiram a celebração durante os vários meses da exposição. Os folhetos e romances mais antigos do cordel se imprimiam, em geral, na primeira década do Século XX, mas o primeiro evento importante nacional registrado no cordel foi a Guerra de Canudos de 1896-1897, a tragédia nacional quando o exército Brasileiro decimou a ralé de sertanejos pobres e seu líder Antônio Conselheiro no sertão da Bahia. Os grandes poetas pioneiros do cordel, Leando Gomes de Barros, Silvino Pirauá Lima, Francisco das Chagas Batista, João Melchíades Ferreira da Silva e outros escreviam nas primeiras duas décadas do Século XX. Então João Martins de Atayde criou uma segunda "Idade de Ouro" da produção cordeliana com uma equipe de escritores no Recife, Pernambuco, isso do fim dos anos 1920 até o fim da década dos 50. Aí, o estoque de Atayde mais aquele de Leandro Gomes de Barros, comprado por Atayde da viúva do poeta em 1921, se trasladaram a Juazeiro do Norte, Ceará, agora no fim dos 1950 quando José Bernardo da Silva continuou a tradição na Typografia São Francisco. Assi foi que a cidade de Padre Cícero Romão teve seu "momento no sol" no cordel.
Aí outra geração continuava forte no Nordeste através os anos 1960, poetas como José João da Silva, Manoel Camilo dos Santos, José Camelo, Cuíca de Santo Amaro e Rodolfo Coelho Cavalcante, Minelvino Francisco Silva, Manuel D’Almeida Filho e muitos outros. Depois o cordel começou a se disminuir seriamente devido à disponibilidade do rádio transistor, depois a televisão, e a televisão de cores, ao custo alto de imprimir os folhetos do cordel, e a falta de poder adquisitivo do público tradicional. As feiras locais se disminuíam, e algumas desapareciam, mas, o principal foi que o Brasil estava se modernizando e o cordel deixava de servir como a diversão e o meio de comunicação principal de seu público tradicional humilde do Nordeste.
Um pequeno resurgimento do cordel tomou lugar nos anos 1970 e 1980 em parte devido ao interesse intelectual quando as universidades foram encorajidas a colocar o cordel no seu currículo. Professores de colégio e até escolas primárias foram incentivados a lecionar sobre o cordel para que jovens brasileiros soubessem dessa parte importante da herança cultural nacional. Outro estímulo para o cordel foi a venda de xilogravuras ao lado dos folhetos e romances de cordel nas barracas dos mercados com o resultado que até os turistas extrangeiros com poucos conhecimentos da lingua portuguesa pudessem comprar e levar à casa a arte folclórica nordestina na forma de gravuras e folhetos de cordel.
A saga da luta para a volta à democracia depois de 21 anos de ditadura, a "Campanha de Eleições Diretas" e a odisséia pessoal do Presidente-Eleito Tancredo Neves deram ao cordel um ímpetu significante de 1983 a 1985. A volta à Democracia e os debates dos "presidenciáveis" mantinham o interessse para o público e a publicação de folhetos impressos através a eleição de Collor de Melo e seu "impeachment" dramático no começó dos anos 1990 só acrescentaram tal interesse.
O cordel continúa hoje em dia com as mudanças já notadas: os poetas veteranos e artistas de xilogravura como J. Borges, José Costa Leite e Abraão Batista continúam no Nordeste e Azulão e Gonçalo Ferreira da Costa no Rio. Mas, uma nova geração de poetas escreve hoje em dia, entre eles, poetas de segunda geração, como Marcelo Soares, poeta de cordel e artista de muito sucesso na xilogravura, filho do famoso "repórter" de cordel José Soares de Pernambuco. Estes poetas, muitos da classe média, vários com títulos universitários e morando nas grandes cidades do Brasil, continúam os velhos temas e formato, escrevendo seus folhetos no computador e imprimindo-os na impressora ao lado. E um fenômeno inteiramente novo – o cordel na internet – é importante hoje em dia no Brasil devido a uma mídia eletrônica altamente desenvolvida. Gustavo Dourado é um dos mais importantes dos "internautas de cordel," empregando temas e formato do velho cordel em seus muitos títulos mas sem a impressão em papel do mesmo.
Mas, como dizíamos em publicações prévias, seja como for o papel principal da literatura de cordel hoje em dia, estamos muito gratos que esteja preservado nos arquivos nacionais como uma parte importante da herança folclórica-popular nacional. A Fundação Rui Barbosa no Rio de Janeiro, O Instituto de Estudos Brasileiros em São Paulo, os acervos de cordel nas universidades de Paraíba, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Bahia e outras, mais as grandes coleções particulares trazem acesso ao cordel hoje em dia. Um esforço recente e muito ambicioso pela Editora Hedra em São Paulo tem planos para a publicação de cinquenta monografias sobre os mais destacados dos poetas de cordel, cada volume com introdução de um estudioso e uma pequena antologia dos versos de cada autor. Que chegue a completar-se!
A literatura de cordel presente nos milhares de folhetos e romances nos arquivos é verdadeiramente uma enciclopédia em verso de um rico passado folclórico-literário nordestino, de mores sociais Brasileiros, e dos eventos pequenos e grandes do Século XX. Através dos poemas, pode-se ver o "universo vasto" do cordel. Se o interessado for persistente e um pouco trabalhador, poderá ver ainda pedaços daquele universo no Brasil de hoje em dia.